21/08/2012

"Fallingwater House" by Frank Lloyd Wright

O meu primeiro contacto com a arquitectura, há muitos anos atrás, foi através do estudo do trabalho do arquitecto americano Frank Lloyd Wright e da sua obra prima "Fallingwater House", ou a Casa da Cascata. Um dos arquitectos mais completos de todos os tempos é, sem dúvida, uma das minhas maiores referências.

A Casa da Cascata ergue-se como uma das maiores obras-primas de Wright tanto pelo seu dinamismo como pela sua integração com a impressionante envolvência natural. A paixão de Wright pela arquitectura japonesa foi fortemente reflectida no desenho da Casa da Cascata, particularmente na importancia da interpenetração dos espaços interiores e exteriores e na forte ênfase colocada na harmonia entre o homem e a natureza. Tadao Ando disse uma vez: "Eu penso que Wright aprendeu o mais importante aspecto da arquitectura, o tratamento de espaço, da arquitectura japonesa. Quando visitei a Casa da Cascata na Pensilvânia, encontrei essa mesma sensibilidade de espaço. Mas havia ali os sons adicionais da natureza que me atrairam".

A construção do edifício, iniciada em Abril de 1936, está feita de tal forma que as quedas de água só podem ser vistas quando se está de pé na varanda do piso mais alto. Este tipo de mistério de arquitectura geométrica intrigou o próprio arquitecto Wright.
A extensão do génio de Wright em integrar cada detalhe deste desenho apenas pode ser sugerido nas fotografias. Esta residência privada, organicamente desenhada foi pensada para ser um refúgio natural para os seus proprietários.
A casa é bem conhecida pela sua ligação com o lugar: está construída no topo duma queda de água activa que corre por baixo da casa. A lareira com fogão a lenha na sala de estar é composta por rochedos encontrados no sítio e sobre os quais a casa foi construída — um conjunto de pedras que foi deixado no local sobressai ligeiramente aravés do pavimento da sala de estar. Wright tinha pensado inicialmente que estas rochas seriam cortadas rente ao chão, mas este tinha sido um dos pontos favoritos da família para apanhar sol, pelo que o Sr. Kaufmann insistiu que fossem deixadas como estavam. Os pavimentos de pedra foram encerados, enquanto o fogão de lenha foi deixado ao natural, dando a impressão de rochas secas sobressaindo dum riacho.
Interior da casa, com uma área de estar, com mobílias desenhadas por Wright
A integração com o cenário estende-se até aos pequenos detalhes. Por examplo, onde o vidro encontra as paredes de pedra não existe friso de metal; em vez disso, o vidro é calaftado directamente na pedra. Existem escadas que descem directamente para a água. Na "ponte" que liga a casa principal ao edifíco dos hóspedes e dos criados, uma rocha natural pinga água para dentro, a qual é então directamente devolvida. Os quartos são pequenos, alguns mesmo com tectos baixos, talvez para encorajar as pessoas a sairem para as áreas sociais abertas, molhes e espaços exteriores.

O riacho activo (que pode ser ouvido constantemente por toda a casa), redondezas imediatas e paredes e terraços em consola de pedra extraida localmente (lembrando as formações rochosas vizinhas) destinam-se a estar em harmonia, em linha com o interesse de Wright em fazer edifícios que eram mais orgânicos e os quais, desse modo, pareciam estar mais envolvidos com as redondezas. Apesar da queda de água poder ser ouvida por toda a casa, não pode ser vista sem se sair ao exterior. O desenho incorpora amplas extensões de janelas e as varandas estão fora da salas principais dando uma sensação de proximidade das redondezas. O clímax experiencial ao visitar a casa é uma escadaria interior que desce da sala de estar permitindo um acesso directo à correnteza abaixo da casa.



Na época da sua construção, em Abril de 1936 e concluída em Outubro de 1937, a Casa da Cascata custou 155.000 dólares (75.000 dólares para a casa, 22.000 para os acabamentos e mobiliário, 50.000 para a casa de hóspedes, garagem e alojamento dos criados e 8.000 para os honorários do arquitecto).


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